(foto retirada do facebook. Agradeço ao autor, está fabulosa. Quem seja que se pronuncie)
Em Abril de 2019 publicava o post "Cronologia do ano mais marcante para a história da enfermagem portuguesa".
Quem diria que precisamente no ano seguinte, se tornaria incontornável que esse é que seria o ano mais marcante para a historia da enfermagem portuguesa, devido à pandemia por covid19 ?
Quem diria que (pelo menos eu tinha dúvidas), nesse mesmo ano, algumas semanas antes do início da catástrofe, a minha vida profissional iria dar uma volta de 180º ?
Se aquela transferência, que há muito já estava programada e esperada, não acontecesse naquela altura, estaria ainda hoje, com a minha ex-equipa, na linha da frente.
E hoje seria certamente mais um a fazer aumentar a percentagem de profissionais de saúde em exaustão física e psicológica. Porquê que tenho essa certeza?
Porque nesses últimos anos já me sentia desenquadrado e desmotivado, num cenário de urgência/doente crítico, que já não era o meu. Dei o meu melhor, com as minhas qualidades e com as minhas falhas, mas o objetivo, o foco já não era aquele. E quando assim é, temos que procurar a mudança e felizmente ela aconteceu. Há uma analogia interessante em relação isto, imaginem dois atletas numa corrida, ambos aplicam-se, treinam e procuram fazer o melhor. Um adora aquilo que faz, está-lhe no "sangue", sente-se como peixe na água e voa! O outro esforça-se, mas vai em sacrifício, duvida da sua performance e como competidor nato, não gosta de baixar o rendimento e muda de desporto. Eu sou o outro.
Então assim foi, em pleno inicio de pandemia, eu tinha acabado de ser transferido.
Se senti vontade de ser chamado e regressar para junto dos meus colegas, para ajudar?
Sim, senti.
Se senti um alívio por estar fora deste caos e fora do grande risco de exaustão?
Sim, senti.
Se me senti um felizardo, por finalmente estar a desempenhar funções que me completam enquanto profissional e onde me sinto capaz de ter aquele rendimento que pretendo?
Sim, senti.
Para minha sorte, foram muitas mais as fantásticas do que as outras.
A vós, que sabeis quem sois!
Ao mesmo tempo que terminava esse ciclo, terminava também o blog que o acompanhou durante a sua maior parte.
Terminava o Porque deixei de ser enfermeiro
E um novo ciclo se inicia, porque voltei a ser enfermeiro, depois de por vezes ter gostado de deixar de o ser.
O Guilherme de Carmo é o mesmo, talvez mais amadurecido, confiante, tranquilo e ponderado e menos revoltado, zangado, pessimista e sarcástico.
Tudo isto é ficção.
Mas é realidade para muitos.
Muitos que deixaram de o ser, pela descrença e pelo des(crédito), arriscaram outros desafios, outros rumos.
A pandemia tudo desfez e estes sim, voltaram a ser enfermeiros na procura de voltar a ter alguma estabilidade, mas também pelo sentido de missão de combate. A estes o meu reconhecimento e desejo das maiores felicidades.
Porque quem é enfermeiro, nunca o deixa de ser... Parabéns
ResponderEliminarA realidade é que faz falta este espaço de debate e perspectiva da profissão.
ResponderEliminarEu sou o primeiro 🤣 doida sem, desgasto me porque não gosto de baixar padrões 💪 adapto me, caio mas levanto me 😉 no fundo resume se a escolhas que nos fazem felizes e isso é tão bom 🙏❤️ mantém o sarcasmo picante na escrita 😉💪
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