02 outubro, 2021

A febre do Vice-Almirante



Há um sketch muito conhecido do Gato Fedorento que, com algum arranjo da minha parte, termina mais ou menos desta forma: 

Ohhh meu general... Continência e tal, sim senhor, mas não me venham com fitas... eu também tive na guerra.


Foi este momento emblemáticos da autoria de RAP e seus colegas que me veio à memória, quando assisto a esta febre em torno do vice-Almirante, nas redes sociais e nos meios de comunicação social.


Atenção!

Aplaudo este militar que, sem dúvida assumiu e liderou uma missão complexa, num dos momentos mais críticos para o país e para o mundo.

Aplaudo este militar pelo seu discurso claro, conciso e objetivo.

Aplaudo este militar porque sem qualquer tipo de receio, enfrentou na rua, as dezenas de negacionistas esquizolunáticos. 


Mas...

Vamos com calma.

Não entremos em euforias, nem deixemos para segundo, terceiro ou nenhum plano, aqueles que efetivamente estiveram no terreno, iniciaram, desenvolveram e concluíram esta hercúlea tarefa de vacinação em massa - Os enfermeiros.


Foram os enfermeiros que estiveram em conjunto com as autarquias na liderança da organização do centros de vacinação.

Foram os enfermeiros que reestruturaram os seus serviços de base.

Foram os enfermeiros que se organizaram para garantir uma vacinação em tempo recorde durante cerca de 12 horas ao longo do dia, ao longo de quase todos os dias da semana, ao longo de vários meses.

Foram os enfermeiros que contactaram os utentes para os agendamentos de vacinação e lidaram com as inúmeras dúvidas, frustações, negações e hesitações das pessoas.

Foram os enfermeiros que efetuaram a inoculação e os respetivos ensinos inerentes à população, numa tarefa repetitiva e por isso desgastante.

E acima de tudo, foram os enfermeiros que mais uma vez estiveram expostos ao grande risco de contrair o maldito vírus.


O Sr Vice-Almirante, cumpriu a sua missão, assim como eu considero que o primeiro coordenador da task-force cumpriria, se tivesse o contexto que o primeiro teve.


A perceção com que eu fico é que o Dr. Francisco Ramos não teve o mesmo apoio e proteção incondicional do Governo, nem teve as vacinas em numero capaz.


Por isso, não pedimos palmas à varanda, pedimos apenas o mesmo reconhecimento. 

E quanto ao Governo, pedimos apenas (já andamos a pedir muito antes da pandemia, não é por ser agora) que de uma vez por todas ouçam os apelos dos enfermeiros e dos sindicatos e cumpram a revisão de uma carreira de uma forma justa.

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